quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Ameaças à Geodiversidade

Segundo Gray (2008), existe uma tendência natural para considerar que a Biodiversidade é frágil e vulnerável, enquanto que as rochas e as montanhas são vistas como estáveis, estáticas e sem necessidade de proteção. Sendo que a componente abiótica é a base fundamental para a componente biótica, torna-se igualmente importante o reconhecimento tanto das ameaças como dos valores da Geodiversidade para que as estratégias de conservação sejam coroadas de êxito (Farias & Pereira, 2016).



Foto 1 – Serra da Arrábida
(A revista de janeiro deste ano da National Geographic Portugal trazia um calendário de parede com fotografias da serra da Arrábida, enaltecendo a sua bio e geodiversidade e a sua invulgar confluência de património natural e cultural na região).


Em termos gerais as ameaças à Geodiversidade resultam da dinâmica natural do Sistema Terra, nomeadamente as relações inter e intra-específicas dos ecossistemas, as atividades sísmicas e vulcânicas e os fenómenos climáticos extremos. As alterações induzidas pelo homem e que conduzem a uma perda de Geodiversidade podem ser diretas ou indiretas (Gray, 2008).


Ameaças diretas
Estas alterações estão diretamente relacionadas com a extração mineira, a deposição de resíduos, as alterações no uso dos solos, a expansão urbana, a proteção costeira (por exemplo, a construção de diques), as atividades agrícolas e turísticas não sustentáveis, a florestação/desflorestação, e a recolha de amostras sem fins científicos. Estas alterações provocam a perda total, parcial ou dano físico de elementos da Geodiversidade ou do seu acesso e visibilidade. Também provocam impactos visuais, poluição e interrupção dos processos naturais (Gray, 2004).


Foto 2 – Extração de inertes (areia)


Foto 3 – Comércio ilegal de fósseis da Chapada do Araripe


Foto 4 – Gruta de S. Vicente – Madeira



Foto 5 – Gruta de Mira D’Aire


Foto 6 – Bancadas de Calcário do Cretácio (Av. Calouste Gulbenkian em Lisboa)


Ameaças indiretas
Estas alterações estão relacionadas com a demografia humana, a erosão e as alterações climáticas. Para além disso, a iliteracia cultural, a falta de formação na área das ciências (nomeadamente a Geologia) e a não atribuição de valores à Geodiversidade são factores que promovem atitudes favoráveis à perda do património geológico.



Referências Bibliográficas
FARIAS, Thiago, PEREIRA, Luciano (2016). Os valores e ameaças à Geodiversidade: um olhar sobre João Pessoa – PB e Litoral Sul do Estado. Revista da Anpege. Vol. 12, nº17, p.141-166.
GRAY, Murray (2008). Geodiversity: a new paradigm for valuing and conserving Geoheritage. Geoscience Canada. Vol.35, nº2.
GRAY, Murray (2004). Geodiversity: valuing and conserving abiotic nature. John Wiley & Sons, Ltd.
Imagens
Fotos 1 a 5 – Google images

Foto 6 – sopasdepedra.blogspot.com (blog do Professor Galopim de Carvalho)

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Olá Cara Maria, apreciei o seu post, foi muito bem resumido, objectivo e interactivo ao mesmo tempo.

    De facto, as ameaças à geodiversidade têm como base uma origem de ciclos ou dinâmica natural da Terra, como afirmas,nomeadamente as relações inter e intra-específicas dos ecossistemas, as atividades sísmicas e vulcânicas e os fenómenos climáticos extremos.

    Mas a acção antropogênica agrava este processo, o que leva a uma perda e destruição da geodiversidade.

    Desta feita, urge a geoconservação dos patrimônios geológicos ao redor do mundo, de modo a serem localizados e desenhados os devidos mapas.

    Deveremos deixar a idéia de que a biodiversidade é mais frágil do que geodiversidade, ambos estão interligados e interdependentes.

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