Ameaças à Geodiversidade
Segundo
Gray (2008), existe uma tendência natural para considerar que a Biodiversidade
é frágil e vulnerável, enquanto que as rochas e as montanhas são vistas como
estáveis, estáticas e sem necessidade de proteção. Sendo que a componente
abiótica é a base fundamental para a componente biótica, torna-se igualmente
importante o reconhecimento tanto das ameaças como dos valores da
Geodiversidade para que as estratégias de conservação sejam coroadas de êxito
(Farias & Pereira, 2016).
Foto 1 – Serra da Arrábida
(A revista de janeiro deste ano da National Geographic Portugal trazia um calendário de parede com fotografias da serra da Arrábida, enaltecendo a sua bio e geodiversidade e a sua invulgar confluência de património natural e cultural na região).
Em
termos gerais as ameaças à Geodiversidade resultam da dinâmica natural do
Sistema Terra, nomeadamente as relações inter e intra-específicas dos
ecossistemas, as atividades sísmicas e vulcânicas e os fenómenos climáticos
extremos. As alterações induzidas pelo homem e que conduzem a uma perda de
Geodiversidade podem ser diretas ou indiretas (Gray, 2008).
Ameaças diretas
Estas
alterações estão diretamente relacionadas com a extração mineira, a deposição
de resíduos, as alterações no uso dos solos, a expansão urbana, a proteção
costeira (por exemplo, a construção de diques), as atividades agrícolas e
turísticas não sustentáveis, a florestação/desflorestação, e a recolha de
amostras sem fins científicos. Estas alterações provocam a perda total, parcial
ou dano físico de elementos da Geodiversidade ou do seu acesso e visibilidade.
Também provocam impactos visuais, poluição e interrupção dos processos naturais
(Gray, 2004).
Foto
2 – Extração de inertes (areia)
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3 – Comércio ilegal de fósseis da Chapada do Araripe
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4 – Gruta de S. Vicente – Madeira
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5 – Gruta de Mira D’Aire
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6 – Bancadas de Calcário do Cretácio (Av. Calouste Gulbenkian em Lisboa)
Ameaças indiretas
Estas
alterações estão relacionadas com a demografia humana, a erosão e as alterações
climáticas. Para além disso, a iliteracia cultural, a falta de formação na área
das ciências (nomeadamente a Geologia) e a não atribuição de valores à
Geodiversidade são factores que promovem atitudes favoráveis à perda do
património geológico.
Referências Bibliográficas
FARIAS, Thiago, PEREIRA, Luciano
(2016). Os valores e ameaças à
Geodiversidade: um olhar sobre João Pessoa – PB e Litoral Sul do Estado. Revista
da Anpege. Vol. 12, nº17, p.141-166.
GRAY,
Murray (2008). Geodiversity: a new
paradigm for valuing and conserving Geoheritage. Geoscience Canada. Vol.35,
nº2.
GRAY,
Murray (2004). Geodiversity: valuing and
conserving abiotic nature. John Wiley & Sons, Ltd.
Imagens
Fotos 1 a 5 – Google images
Foto 6 – sopasdepedra.blogspot.com
(blog do Professor Galopim de Carvalho)
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarOlá Cara Maria, apreciei o seu post, foi muito bem resumido, objectivo e interactivo ao mesmo tempo.
ResponderEliminarDe facto, as ameaças à geodiversidade têm como base uma origem de ciclos ou dinâmica natural da Terra, como afirmas,nomeadamente as relações inter e intra-específicas dos ecossistemas, as atividades sísmicas e vulcânicas e os fenómenos climáticos extremos.
Mas a acção antropogênica agrava este processo, o que leva a uma perda e destruição da geodiversidade.
Desta feita, urge a geoconservação dos patrimônios geológicos ao redor do mundo, de modo a serem localizados e desenhados os devidos mapas.
Deveremos deixar a idéia de que a biodiversidade é mais frágil do que geodiversidade, ambos estão interligados e interdependentes.